Mais do que uma animação para as crianças, Valente, novo longa da Pixar, se lança
como uma aventura juvenil. Ao menos é o que faz crer o modo como o filme se
vende. A aventura, contudo, fica pelo meio do caminho e o que se vê a partir de
certo ponto é um enredo que desconstrói tudo que o filme construiu em seu
início tão promissor.

É aí que está o conflito central de Valente. Como muitas adolescentes, Merida não aceita que sua mãe
decida como ela deve se comportar ou se vestir. Não aceita, acima de tudo, que
ela trace seu destino. Este conflito se agrava quando, pela tradição, os
primogênitos dos reinos aliados devem disputar a mão de Merida em um torneio.
Transtornada com os acontecimentos, a jovem tem uma séria discussão com sua
mãe, foge sem direção e retorna com o que acha ser a solução de seus problemas.
Mas a suposta solução dos problemas da jovem rebelde acaba sendo o início dos
problemas do filme.

Se o filme tomasse o rumo clichê desse tipo de história
(garota rebelde foge, se perde, enfrenta problemas, se arrepende e retorna com
a lição aprendida), ao menos restaria a aventura. No entanto, o roteiro do
filme toma um rumo inesperado a partir de certo ponto e a história se encaminha
por vias que põem a perder a vibrante e promissora primeira parte de Valente. Vai-se a aventura, fica o
sentimentalismo conservador e quadrado.

A voz do filme fala muito mais à pré-adolescentes do que a crianças, que podem não se entusiasmar com o drama de Merida. Como toda animação atual, o filme estará disponível também em 3D, mas o efeito nada acrescenta, sua utilidade, neste caso, é só para quem fatura com o ingresso mais caro.
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Brave
Mark Andrews, Brenda
Chapman e Steve Purcell
EUA, 2012
100 min.
Trailer
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